quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quem Quer Casar com o PS-Carochinha?

A crítica ao Sistema Político Português não pode deixar incólume seja que partido for. Já por demais abordei a questão do mutualismo essencial de esse sistema, que explica que o Protesto vá só até certo ponto e o Radicalismo não transite a estrema mínima do ponto de não retorno. Somos assim. Não disparamos na disputas de estrada. Não esfaqueamos ao menor insulto, após o acidente. Temos um inibidor idiossincrático que se manifesta nas pequenas coisas e nas de força maior, como o caminho para sair desta Vexante Ingerência Externa. Ora, tal crítica ao actual Sistema Político não é feita pelos que, pretendendo escapar a qualquer exame de Regime, se limitam a blasfemar contra a Esquerda do PS, quer contra o Partido Comunista, uma Igreja absolutamente previsível e dogmática, quer contra o minoritarismo incontornável do Bloco de Esquerda. Em Portugal, esta Esquerda de Cristal petrificou-se nos seus postulados, tão impermeável à big picture global e às dinâmicas do nosso tempo quanto assoberbados na sua mundividência exclusivista e colectivista como caminho milenarista obrigatório para organizar o mundo que não persuade nem conquista. No meio de este Parque Partidário Jurássico Nacional, o Partido Socialista, reduzido a uma agremiação de videirinhos incapaz de mais que sonhos mal disfarçados pelo enriquecimento pessoal instantâneo de um Playboy Parisiense ou de um Bardamerda Vara, nem que seja à custa das impressoras de dinheiro do Dr. Soares, não federa coisa absolutamente nenhuma. Associar-se ou submeter-se à agenda da restante Esquerda que o enjeita equivale a divorciar-se do Projecto Europeu bem como à perda de credibilidade junto dos partidos e forças sociais equivalentes na Europa.

O PS afunda-se no seu próprio pântano. Um partido descredibilizado e queimado por um pesado trajecto de desperdício, despesismo, corrupção no seio de governações sucessivas, não pode aspirar, pelo menos nos próximos dez anos, àquela que seria uma obscenidade irracional do eleitorado: uma maioria absoluta. Há, de facto, um processo de autocrítica no seio desse partido. Separam-se algumas águas, uma vez que alguns líderes locais desejam afastar-se de outros líderes com longos anos de nepotismo e rapina.

Nota-se um suave, hesitante, lento movimento por mudança ética, segundo modelos e exigências que percorrem as redes sociais por líderes impolutos, carismáticos ou não. Não é por acaso que a doxa não larga mão de uma saudável e indelével suspeição em cima deste PS Manso. Tal debate interno atribui as causas da crise à própria incompetência e ao próprio espírito antes de tudo comissionista dos últimos Governos Socialistas: não há retórica nem artifício que possam vender uma imagem outra do Partido Socialista, tragável, potável, limpa de pecado. António José Seguro cumpre bem o seu papel de não contrapor quaisquer argumentos contra os factos e as evidências que imputam ao PS anterior a si grande parte dos nossos males.

A Opinião Pública não pode perdoar um Partido que passou quase seis anos num inaudito assanhamento mediático avassalador para depois parir um rato, deixar-nos em herança dívida colossal, um emaranhado de compromissos pesadíssimos. Por isso mesmo, o que as sondagens espelham fundamentalmente é a pulverização do espectro político, com o PSD encaixando a maior parte da punção punitiva pelas suas medidas absolutamente sádicas, impopulares, mas sem que se desenhe uma alternativa nem uma saída se divise nos demais pólos do espectro. O PS portou-se mal, merdificou a política, destruiu a credibilidade do serviço aos portugueses e contagiou de escárnio e condenação as restantes forças políticas. Valeu tudo. O impasse das sondagens liquida as pretensões dos Otelo e dos Soares. Ninguém auspicia nem deseja eleições num actual contexto de pulverização partidária e de incerteza macroeconómica no seio do Euro. Os actuais 34% nas sondagens do PS converter-se-iam sem dificuldade em 27% ou até menos na hora da verdade. Por outro lado, o eleitorado nacional é esmagadoramente sénior, portanto, prudente e avisado: prefere um Governo Duro a falinhas mansas. Nada de bom haveria a esperar no regresso calamitoso da Calamidade-PS. Resumindo: não há alternativa a isto porque isto basicamente é a Europa, é o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.

Uma boa alternativa à actualização Passista da linha seguida pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo FMI seria que o PS visse alguns dos seus ladrões processados e julgados, tal como todos desejamos punição exemplar dos Isaltinos, dos Dias Loureiro, dos Oliveira e Costa, dos Lima Duarte, e não a vemos. A única saída do maior partido da oposição vinculado ao Memorando era purgar-se de toda a merda sem ética, de toda pátina de cretinos e ávidos, agarrados a seu Pote de décadas, muitos deles deputados, muitos deles exilados e escondidos a gozar os proventos da sua habilidade e chico-espertice. Quando a Justiça portuguesa parir alguma coisa que se coma, alguma justiça finalmente cega à Esquerda e à Direita, um Isaltino na Prisão, um Sócrates algemado por gestão grosseira e danosa do Estado Português, os Portugueses voltarão a acreditar no Partido Socialista, a reconciliar-se com ele, deixando a pouco e pouco de olhar para esse fenómeno nefasto para o interesse geral como um Partido Corrupto, um Partido que saliva por Comissões nos Negócios de Estado, uma vez Governo. Mas isso é impossível!

A omertà socialista parece impenetrável. Consiste num trabalho de sapa corrosivo, Estado dentro do Estado, que visa proteger o seu ranço para que o seu ranço proteja o seu bolor e o seu bolor proteja o seu excremento, num círculo vicioso perfeito, pedra de toque do Regime, um Regime Malcheiroso e Injusto sobre os mais frágeis, recheado de reformados especiais, de privilegiados dinásticos, da clausura dos benefícios garantidos de geração em geração. Para nós? Nem os restos, nem a dignidade, nem o trabalho, nem o caralho! Ninguém, nem PCP, nem BE, nem a maior parte do eleitorado encornado, quer casar com o PS-Merda-Carochinha! Vão sonhando!

Fonte: Aventar

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