terça-feira, 31 de maio de 2011

Protectorados ou "colónias"? A Grécia como exemplo

Camilo Lourenço

A União Europeia meteu-se com gente pouco séria e está dividida entre deitar alguém borda fora ou forçar uma mudança de vida.
O elo mais fraco é a Grécia, e Portugal vem a seguir (a Irlanda é outra história). Qualquer das opções tem custos. Enormes. Vejamos a expulsão. Uma união monetária é um casamento sem dissolução: no dia em que alguém sair, os "abutres" correrão atrás da presa seguinte. É por isso que alguns governos, com a Alemanha à cabeça, (ainda) desafiam a ira dos eleitores para segurar a Grécia.

Como a expulsão é perigosa, embora não esteja afastada, a União quer mudar a Grécia. Nem que seja a pontapé. Vide a ameaça de que a próxima tranche do FMI pode não chegar... E o aviso da comissária grega de que o país pode saltar do euro. Como estas ameaças não amoleceram a direita grega, ontem chegou novo aviso. No "FT": as privatizações podem ser entregues a entidades externas (se os gregos não vendem o extenso sector público, alguém tem de o fazer...) e a própria cobrança de impostos pode ser assegurada por organismos internacionais (experimente fazer compras na Grécia e fica a saber tudo sobre fuga aos impostos).

O que se está a preparar para a Grécia vai muito para além da ideia de "protectorado"; é uma "colonização". É injusto? Não: se quem mantém os gregos à tona é a União, porque não há-de ela tomar decisões por eles? Federalismo é isso mesmo. Como dizia o ministro das Finanças holandês, "não é altura para sensibilidades".

Surpreendido, caro leitor? Não esteja... E vá-se preparando. Se daqui a um ano não tivermos respeitado o calendário da troika, seremos nós a passar por isto.

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